Visita do Rev. Tonohira – transmissão ao vivo


Na sexta-feira, dia 20 de janeiro de 2012, às 19:30 h, teremos o prazer e a honra de receber a visita do Rev. Yoshihiko Tonohira, renomado Mestre da Escola da Verdadeira Terra Pura Honpa Honganji japonês (Jodo Shinshu). É o Superior do Templo Ichiijô-ji em Fukagawa, província de Hokkaido e é o superior do Prof. Rev. Joaquim Monteiro.

Formado em estudos budistas pela Universidade de Ryukoku, além de suas atividades como sacerdote da Verdadeira Terra Pura, em cumprimento dos votos de ajudar todos os seres, possui ampla atuação nos diversos movimentos sociais, incluindo o movimento pacifista e antinuclear, o movimento pela reconciliação entre a Coréia e o Japão, a promoção dos direitos da minoria Ainu no Hokkaido e o diálogo interreligioso.

Na sua visita ao Jisui Zendô, conduzirá uma Prática de Nembutsu e nos falará de suas atividades interreligiosas e sociais. Será uma oportunidade muito especial de conhecer a prática de mais uma das escolas principais do Budismo no Japão.

Aproveitamos esta oportunidade para lançar o RadioZen, com a transmissão ao vivo do aúdio, a partir das 19:30 hs, interrompendo a programação on-line do rádio.

Além de sua visita ao Jisui Zendô, ainda em Porto Alegre, estará realizando palestras e encontros no CEBB (Centro de Estudos Buddhistas Bodhisatva, dia 19), AGAPAN (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), Assembleia Legistlativa, Câmera de Vereadores e Forum Social Temático, até sua ida a São Paulo, onde participará de atividades na sede brasileira da escola, Honpa Hongwanji na América do Sul.

Casamento Zen Budista


do site de Monja Coen (professora de ordenação da Monja Isshin)

Cerimônia Budista de Casamento
por Márcia Maranhão Limongi

Considerado um sacramento, o matrimônio, na religião budista, é ministrado pelo abade ou (oficiante) no templo. Como estamos no Brasil, a cerimônia pode sofrer algumas variações, “ocidentalizou-se” um pouco, sem perder sua essência, inclusive é permitido o uso do tradicional vestido de noiva. Não é recomendável trajes da cor preta para noivos e padrinhos.

No altar onde se encontra a figura de Buda, só é permitida a presença do noivo, que fica ao lado esquerdo e a noiva , à direita , e dois (ou mais) padrinhos como testemunhas, permanecem atrás do casal ou de cada lado do altar, nunca atrás de Buda. Os noivos entram e caminham juntos até o altar, seguidos pelos padrinhos, que têm a função de orientar e aconselhar os recém-casados durante a vida. Vários toques anunciam o início da cerimônia. Nos toques, todos fazem reverências a Buda.

No altar ficam dispostos um vaso e um candelabro vazio. Os noivos deixam antecipadamente as flores (de preferência um maço de flores alegres, sem espinhos), e a vela vermelha sobre o altar. Ao chegar ao altar, a noiva faz a oferta da flor, e o noivo, por sua vez, oferta a vela acesa e assim inicia-se a cerimônia. “As ofertas são para evocar Buda e seus ancestrais para que eles abençoem os noivos. No altar também fica uma caixinha de incenso em pó, levado pela oficiante e aceso pelos noivos para evocar os seres iluminados”.

Exemplo de Altar

A batida do sino anuncia a leitura do sutra (poemas que contam a passagem do Buda pela terra) e, neste momento os convidados que estão participando da cerimônia religiosa juntam as mãos, inclusive os padrinhos. Este gesto quer mostrar que o ato do juntar as mãos significaria a pessoa colocando sua mão junto à mão do Buda.

Um dos rituais mais significantes dessa cerimônia é o san-san-kudo ou três-nove em português, que é mantido em um bule. A bebida é servida em 3 xícaras, na maioria das vezes saquê, e cada um dos noivos têm de beber de cada uma das 3 xícaras, segurando-as com as duas mãos. A oficiante derrama um pouco de saquê na primeira xícara e a oferece à noiva, que toma seu conteúdo; em seguida, a mesma xícara é oferecida ao noivo e assim por diante, até os dois tomarem 3 goles da mesma xícara, passando para a xícara seguinte (mais 3 goles) e depois para a última xícara, completando 9 goles cada um. Este ritual remete às três jóias na religião: Buda, aquele que está desperto; Dharma, o caminho da compreensão e do amor, e Sangha, a comunidade que vive em consciência e harmonia.

Para cada tacinha, um significado:
Taças1 – o Pinheiro, que permanece sempre verde em todas as estações. É a juventude, a força, a vida.
2 – o Bambu, que é flexível. Ele se dobra, mas não se quebra.
3 – a Flor da Ameixeira, porque é a primeira flor a desabrochar. Abre mesmo quando ainda há neve. Representa a beleza e a coragem.

A etapa seguinte são os votos, elaborados com antecedência pelos próprios noivos e lidos pelos dois, em conjunto, na cerimônia.

Em seguida, os noivos e padrinhos assinam o livro da oficiante e esta abençoa as alianças. Os noivos colocam as alianças.

Outro momento importante é quando o oficiante entrega os rosários de 108 contas aos noivos e os coloca na mão esquerda de cada um. São 108 portais para a iluminação. Cada obstáculo é um portal a ser superado. Veja a descrição dos 108 portais em http://www.monjacoen.com.br/108.htm.

No final da celebração, todos os presentes fazem um minuto de silêncio e mentalizam a harmonia e felicidade dos noivos.

Nota: a Monja Isshin oferece a cerimônia de casamento Zen Budista na região sul do país. Veja o texto: Casamento Zen Budista em Porto Alegre.

Cerimônias de Fim de Ano e Ano Novo


Joya no Kane

Joya no Kane

Cerimônias de Purificação do Ano Velho e Bênçãos para o Ano Novo – 2008-2009

31 de dezembro 2008

21:30 hs   Zazen 40″ com Palestra do Darma / 22:10 Kinhin 5″ / 22: 15 Zazen 30″

22:50 hs   Cerimônia de Arrependimento (Ryaku Fusatsu) e Queima de Carma seguido por um pequeno intervalo

23:50 hs   Cerimônia de Entrada do Ano Novo
.  Maka Hannya Haramitta Shingyô
.  108 Portais do Darma, com toques do sino (Joya no Kane)

Chá e Confraternização

. trazer nomes de parentes ou conhecidos (falecidos ou necessitados) para transferência dos méritos.
. trazer comes e bebes para compartilhar na hora do chá

doação mínima sugerida: R$ 10,00

Local:
Sanga Águas da Compaixão
Espaço Dojinmon
R. Portugal 733 – Higienópolis (mapa Google)
Porto Alegre, RS

Sobre a liturgia da escola Soto Zen


Os principais gêneros de literatura Budista usados na liturgia da escola Soto Zen no Japão são: sutras (kyo), dharanis (darani), tratados (ron), eko (eko mon) e versos (ge, mon). As escrituras em questão são numerosas, variadas em sua forma literária e extremamente ricas e diversificadas em seu conteúdo filosófico, ético e espiritual. Quando recitadas no contexto das práticas e rituais Zen formais, entretanto, elas possuem um número limitado de funções que podem ser claramente distinguidas.

Os Sutras são textos reverenciados como sermões de Buda Xaquiamuni, o Buda histórico, que viveu na Índia. Os Sutras utilizados na tradição Zen são principalmente escrituras Mahayana, tais como o Sutra do Coração da Grande Sabedoria Completa e o Sutra da Flor de Lótus da Lei Maravilhosa. Eles estão escritos e são recitados em chinês clássico, apesar de utilizarem uma transliteração japonesa, o que significa que são incompreensíveis para o leitor comum. A maioria dos japoneses com certa erudição pode ler chinês clássico em algum grau, de forma que os sutras poderiam ser compreendidos se eles tivessem também um texto escrito para seguir ou se, tendo memorizado o texto ao recitá-lo diversas vezes, eles puderem visualizar os caracteres chineses enquanto cantam. Quando os sutras são estudados, eles são normalmente lidos em uma tradução japonesa. Apesar de muitos dos ensinamentos e crenças neles expressos serem muito importantes para a tradição Zen, a principal razão para se recitar sutras em um contexto litúrgico não é promover seu significado, e sim produzir mérito espiritual (kudoku), que é subsequentemente oferecido e dedicado ritualmente para uma série de seres e propósitos. Em alguns ritos elaborados, o mérito é produzido através do “revolver o sutra” (tendoku), que consiste em girar as páginas de um longo sutra sem realmente recitar cada palavra.

Dharanis (também chamadas de mantras) são fórmulas mágicas: conjuntos de sons que são considerados sagrados e poderosos, embora muitas vezes tenham pouco ou nenhum valor semântico discernível. A pronunciação correta dos sons é considerada necessária para que eles sejam efetivos. Os caracteres chineses clássicos com que as dharanis usadas na escola Soto Zen estão escritas foram todos selecionados por seu valor fonético (não seu significado), como um meio de transliterar (não traduzir) fórmulas mágicas que foram originalmente escritas e/ou recitadas em linguagens da índia. Os manuais litúrgicos japoneses sempre incluem um guia de pronúncia, escrito em caracteres kana, que estão lado a lado com os caracteres chineses. As dharanis utilizam um modo de expressão que é performático ao invés de comunicativo: acredita-se que, através de sua recitação, ações podem ser magicamente realizadas, tais como apaziguar espíritos ou prevenir desastres. Entretanto, sua principal função na liturgia da escola Soto Zen, assim como os sutras, é produzir mérito para dedicação ritual.

Os Tratados são comentários sobre os sutras ou apresentações independentes da doutrina Budista, atribuídos a outros professores famosos que não o próprio Buda. Dois tratados utilizados regularmente na liturgia Soto Zen são A Identidade do Absoluto e do Relativo, de Shitou Xiqian (700-790) e o Samadhi do Espelho Precioso, de Dongshan Liangjie (807-869). Estes textos, originalmente escritos em chinês clássico, são recitados em sua tradução japonesa. Quando recitados no contexto de oferendas rituais para os professores ancestrais (soshi), eles servem ao propósito duplo de gerar mérito e honrar os autores, que pertencem e são representativos da linhagem da escola Soto Zen. Dois outros tratados utilizados na liturgia Soto são as Instruções Universalmente Recomendadas para Zazen, de Mestre Dogen, ou O Significado da Prática e da Iluminação, uma compilação moderna de passagens escolhidas de seu Shobogenzo. Apesar do primeiro ter sido escrito em chinês, ambos são recitados em japonês clássico. Sua função na liturgia Soto é honrar Mestre Dogen, o fundador da escola Soto no Japão, e apresentar um sumário condensado de seus ensinamentos mais importantes.

Eko são versos para transferir mérito, escritos em chinês clássico mas normalmente recitados em sua tradução japonesa. Os versos normalmente têm duas partes. A primeira explica como o mérito foi gerado (nomeando os textos que foram recitados para este propósito), para quem ele será transferido e os propósitos específicos para que ele será dedicado. A segunda parte é uma reza que pede algo em troca do mérito que foi cedido.

Os Versos são poemas curtos, compostos em chinês clássico, que expressam os ideais e valores Budistas. Alguns, como os Versos das Refeições Formais, os Versos do Banho e o Verso de Lavar o Rosto, são utilizados no contexto do treinamento monástico Zen, para santificar e dar significado religioso a atividades que, de outra forma, seriam consideradas mundanas. Eles são sempre recitados quando e onde a atividade em questão é realizada, seja por um grupo (como no caso das refeições), seja por indivíduos (como ao entrar no banheiro). Outros versos, como os Três Refúgios, os Quatro Votos, o Verso do Arrependimento e o Verso de Homenagem às Relíquias de Buda, são recitados como atos de fé e compromisso em si mesmos. Eles são normalmente cantados por grupos em conjunto com os sutras e outros serviços religiosos, mas em essência sua recitação é um ato de devoção pessoal. Os versos utilizados na liturgia Soto não são únicos à escola Zen; quase todos derivam da tradição Budista chinesa em seu aspecto mais amplo. Nestes versos, a maioria das palavras é recitada na ordem clássica da versão chinesa, mas alguns deles (como o Verso das Cinco Contemplações, recitado nas refeições) são traduzidos e recitados em japonês.

Entre os contextos mais comuns em que os textos são recitados nos mosteiros e templos da escola Soto Zen estão os serviços diários, mensais e anuais de recitação de sutras (fugin). Trata-se de ritos em que o mérito espiritual (kudoku) é primeiro gerado através da recitação de sutras, dharanis ou tratados e então é ritualmente transferido (eko) para diversos destinatários, que são nomeados em um verso formal para transferir mérito. Os serviços de recitação de sutras são utilizados para fazer oferendas de mérito para uma ampla série de seres: Buda Xaquiamuni; seus discípulos próximos, os arhats; a linhagem de mestres ancestrais através de quem o Dharma Zen foi transmitido; os dois grandes fundadores da escola Soto Zen no Japão: Mestre Dogen e Mestre Keizan; o abade fundador ou outros antigos abades de mosteiros específicos; várias deidades protetoras do Dharma ou de mosteiros, incluindo devas indianos, espíritos chineses e kami japoneses; os ancestrais de patronos leigos dos templos Soto; além de fantasmas famintos, habitantes dos infernos, e diversos outros seres que sofrem. Alguns serviços de recitação de sutras, em particular, são distinguidos (e muitas vezes nomeados) pelas principais figuras para quem o mérito espiritual é transferido, mas é comum que um mesmo serviço inclua também oferendas para outras figuras menos importantes, ao mesmo tempo.

Outros contextos rituais em que textos são recitados para produzir e dedicar mérito incluem: serviços memoriais mensais (gakki) para Dogen, Keizan e o abade fundador de cada mosteiro; serviços memoriais anuais (nenki) para eles, outros ancestrais na linhagem Soto Zen e patronos leigos; funerais (sogi) para monges e praticantes leigos; e várias outras recitações ocasionais ou de rotina (nenju) e orações (kito).

Toda a recitacão de sutras, assim como os funerais e serviços memoriais, são realizados frente a altares que contêm imagens ou tabletes com os nomes dos principais beneficiados pelas oferendas. A recitação que produz mérito é geralmente realizada em uníssono por todos os monges (e às vezes pelos leigos) presentes em um serviço, enquanto o eko, ou verso de transferência de mérito, é recitado por uma única pessoa, ou oficiante monástico conhecido como “cantor” (ino). A performance oral em que o mérito é gerado e transferido é muitas vezes acompanhada por oferendas físicas no altar, como queimar incenso ou oferecer comidas e bebidas.

Os serviços de orações e recitações são um tanto diferentes, no sentido em que o mérito produzido não é dedicado a indivíduos, mas sim em prol de benefícios específicos, como a recuperação de doenças, a harmonia na comunidade ou o sucesso de um retiro monástico. Como não há nenhum indivíduo nomeado nas oferendas, estes serviços não precisam ser realizados frente a um altar, mas podem ser efetuados em outros locais, como uma enfermaria ou uma sala de meditação.

Resumindo, as três funções rituais mais importantes da ligurgia da escola Soto Zen são produzir e dedicar mérito, honrar os professores ancestrais e santificar as atividades de rotina nas vidas diárias dos praticantes Zen. Entretanto, independente de como eles são utilizados em um contexto ritual, a maioria dos textos que são recitados nos serviços e práticas da escola Soto Zen também podem ser lidos apenas por seu significado, como obras de filosofia, ética e/ou como literatura religiosa de inspiração. Longe de serem mutualmente exclusivas, as várias funções destas escrituras se suportam e se enriquecem umas às outras.

T. Griffith Foulk
Editor, “Soto Zen Text Project”
– originalmente publicado em inglês no site Soto-net

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