Depoimento: Uma pequena folha de grama


Compartilhando do postulante-monástico Daniel Confortin:

Uma pequena folha de grama

Em 2014 tomei meu caminho até Kathmandu para estudar no Rangjung Yeshe Institute, um centro de estudos budistas filiado à Kathmandu University e ao Ka-Nying Shedrub Ling. Chegar até lá não foi nada fácil. Mesmo não sendo minha primeira “carreira das Índias”, deixar tudo para trás e permanecer lá por cerca de um ano nos rigores do monastério foi uma das experiências mais exigentes (para dizer o mínimo) de toda a minha vida.

Estudantes do Rangjung Yeshe Institute durante o Seminário Anual de 2014 com as bençãos de Chokyi Nyima Rinpoche.

Ao regressar, já em meados de 2015, fugindo de um terremoto que matou quase nove mil pessoas, encontrei em Passo Fundo (RS) um local e alguns amigos para continuar os estudos do Darma.

O local foi a Casa Carino Corso, cedido gentilmente pela querida Ana Carina Schell Corso, e os amigos foram Pablo João da Costa e Candice Machado. Nossas reuniões buscavam emular o modelo de “Dharma House” proposto por Chokyi Nyima Rinpoche, meu querido professor e abade do monastério onde estudei no Nepal. Misturávamos estudos de textos clássicos e práticas de meditação, volta e meia organizando um ou outro retiro. Durante esse período estudamos textos como “A Revolução da Atenção” de Alan Wallace, um comentário sobre o Sutra do Coração Por S.E. Gyalwa Dokhampa e o comentário de Thich Nhat Hanh sobre o Satipatthana Sutta.

Primeiro retiro com Lama Jigme Lhawang, representante no Brasil da linhagem Drukpa do Budismo himalaico.

Os primeiros dois retiros promovidos pelo grupo (agora maior) no ano de 2016 foram com o grande amigo e professor Lama Jigme Lhawang que nos ofereceu uma introdução a meditação no Budismo Himalaico e também uma visão das Quatro Nobres Verdades. Foram mais de trezentas pessoas entre palestras pública e retiros!

Já em 2017, depois de diversos encontros e desencontros, convidamos a Monja Isshin, Sensei, do Jisui Zendô. O objetivo inicial, em meio à uma greve geral que parava o país, era fazer uma comparação entre as abordagens do Mindfulness e a meditação nos caminhos espirituais. A palestra pública atraiu cerca de 100 pessoas e o retiro mais de 30! Acredito que foi durante esse retiro que agimos realmente como Sanga, como um grupo.

continua no Medium

Novo grupo de prática – Foz do Iguaçu


Fernando Ryûshin Sedano e Cesar González Monteghirfo com a Monja Isshin

Fernando Ryûshin Sedano e Cesar González Monteghirfo com a Monja Isshin no Jisui Zendô

Nota: informamos que, por motivo de doença na família, o coordenador deste grupo precisou voltar a Montevideo e, por este motivo, foi necessário encerrar as atividades deste grupo.

Já está em atividade um novo grupo de prática do Zen Budismo, “Budismo Soto Zen Foz do Iguaçu“, sob a coordenação do membro-praticante do Jisui Zendô e Professor de Karate, representante do Koshinkan-Ryu para a América do Sul, César Gonzáles Monteghirfo.

As atividades serão realizadas na Rua Assunção 114 – Foz do Iguaçú, Parana.

O espaço fica aberto de Segunda a Sexta das 07:00 às 11:00 e das 16:00 – 22:00 hs.

Ainda sem horários fixos para a prática de Zazen, solicitamos que os interessados telefonem para o número (45) 9829-4124.

O e-mail de contato é: koshinkan@outlook.com
A página no Facebook é Budismo Soto Zen Foz do Iguaçu.

Você pode saber mais sobre o coordenador do grupo no  Facebook.

Também são oferecidos aulas de Karaté Koshinkan Sudamerica no mesmo endereço. Informações pelo telefone (45) 9829-4124. Para saber mais sobre esta Arte Marcial não-competitiva, visite a sua página no Facebook e na sua página oficial do Karaté Koshinkan Sudamerica.

Primeiro Hanamatsuri (Festival das Flores) da cidade de Porto Alegre!


Reproduzindo do site oficial da Prefeitura de Porto Alegre:

Nascimento de Buda é comemorado no Gasômetro

21/04/2012 17:40:55
Foto: Ricardo Giusti/PMPA

A tradicional comemoração do nascimento de Buda, realizada pela primeira vez em Porto Alegre, foi aberta neste sábado, 21, na Usina do Gasômetro. O prefeito José Fortunati participou da solenidade, juntamente com o secretário de Governança Local, Cezar Busatto, o cônsul do Japão em Porto Alegre, Takeshi Gotou e representantes de diversas religiões.

Em Porto Alegre, a coordenação do evento é da Sanga Águas da Compaixão (Jisui Zendô) e do Cento de Estudos Budistas Bodisatva (Cebb). O Hanamatsuri de Porto Alegre tem caráter cultural, com o objetivo de celebrar o nascimento de Buda de forma simbólica para promover cultura de paz, respeito aos direitos humanos e ao meio-ambiente, bem como ações sociais e culturais que promovam valores e atitudes associados ao respeito à vida.

Fortunati cumprimentou os participantes da comemoração falando sobre a característica plural de Porto Alegre. “Nossa Capital, que tem o primeiro grupo inter-religioso do país, demonstra que a cultura da paz se constrói na convivência do dia-a-dia. Por isso, saúdo como muita alegria os participantes desta festa”, afirmou o prefeito.

De acordo com a tradição budista, uma chuva de pétalas e néctar caiu quando o Buda Shakyamuni nasceu, no dia 8 de abril de 566 A.C.. Para comemorar a data, os japoneses criaram o Hanamatsuri, ou Festival das Flores, que ocorre em diversos países, como Japão, Coréia, Índia, Nepal, Europa e Estados Unidos. Dependendo do calendário lunar chinês, o festival pode ser em abril ou maio.

. Visitar o site Hanamatsuri POA, onde encontrará fotos, vídeos e mais informações.

A lição da grama


Um treino de espada especial

Como a propriedade havia ficado fechada durante alguns meses, os jardins da casa que alugamos para ser a nossa sede encontravam-se num estado de “abandono”. A grama estava bastante alta e nós ainda não temos máquina de cortar grama. Precisávamos encontrar uma solução.

Um dos praticantes da nossa Sanga, o Mestre de Hapkidô (4º dan) e postulante de monge Giovani (Centro de Cultura Oriental Tigre Coreano) lembrou de suas experiências pessoais e resolveu convidar dois alunos de Espada Coreana (Haedong Kumdo) para um treino especial – treinando o “corte” na nossa grama.

Ele explicou a parte técnica aos alunos e a Monja Isshin explicou o aspecto “sutil”, do cultivo da sensibilidade para “sentir” profundamente e tornar-se um com a grama e a ferramenta: “sentir” a grama, “explicando” como a grama “queria” ser cortada, e “sentir” a ferramenta, “explicando” como a ferramenta “queria” ser usada.

Foi interessante observar o desenvolvimento deles, durante aquele breve período de tempo. Inicialmente, eles “lutavam” com a grama e com as ferramentas. Parecia que a grama “resistia” ser cortada e que as ferramentas estavam “cegas”. Mas ficava bem nítido a cada instante quando eles conseguiam se harmonizar com a atividade – os movimentos, as ferramentas, a grama. Nestes instantes, quase que parecia que a grama caía por si mesma, de tão leve ficava a passada da lâmina.

Aos poucos, os instantes de “acerto” ficaram mais freqüentes que os instantes de “erro”, até que uma boa parte da grama foi cortada e chegou a hora do zazen.

Terminado o treino com a grama, praticaram o zazen. O dia finalizou-se com chá e bate-papo sobre a experiência.

Segue o depoiamento dos dois alunos:

Treino Especial em Contato com a Natureza
por Roger M. Cruz e Matheus F. Luz.

“Quando um mestre, um professor de arte marcial, propõe algum desafio, é porque ele confia em você, sabe da sua capacidade de vencer e principalmente da sua capacidade de aprender com esse desafio.

Recebemos um desafio: cortar grama. Com máquina? Não, com facas e as técnicas de cortes aprendidas no Haedong Kumdo.

Ando lendo a respeito das diferenças culturais entre os lados ditos oriental e ocidental do planeta. O que, para nós ocidentais, pode parecer um castigo, (alguns até entenderiam como humilhante) na realidade muito nos honrou.

No começo foi difícil ouvir: ouvir a si mesmo – ok. Ouvir a grama – acho que consigo. Ouvir a lâmina – a lâmina? Sim, a lâmina! Cortar, nesse caso, não era simplesmente apresentar a faca ou a foice à vegetação, pois quando se passa a compreender os elementos e todo o movimento flui de maneira harmoniosa, a lâmina até parece mais afiada.

O nível de concentração, nesse momento, é tamanho que não se nota o tempo passar, se faz frio ou calor, e se está chovendo ou fazendo sol. Por uma tarde, só o que acontecia ali era o facão, a grama e a técnica.

A lição que fica é a da paciência. Compreendemos que tudo deve fluir a seu tempo, do mesmo jeito que não adiantava ter pressa para cortar e terminar rápido o “serviço”. O aprendizado de nossas técnicas, e de tudo na verdade, flui da mesma maneira.

Ao cortar rápido a grama, nos cansávamos mais, nos machucávamos e não fazíamos direito, pecando nos detalhes do acabamento.

Ao aprendermos uma técnica nova, se tivermos pressa e não deixamos o aprendizado fluir naturalmente de acordo com nossa capacidade, podemos até aprender os movimentos, mas deixamos de lado pequenos detalhes que fazem toda diferença no final.

Concluindo: na vida também devemos ter essa paciência e deixar as coisas fluírem a seu fluxo natural.

Após o treino passamos a sentir mais a natureza e as coisas ao nosso redor. Este é o legado que levamos…

Claro que as dores musculares de quem não está acostumado com essa “lida campeira”, por assim dizer, vieram no dia seguinte, mas isso é assunto para outro momento. Mesmo assim, que aprendizado valioso!”

Projeto Karate Social mantido pela Dojinmon


Desde dezembro de 2007, a Sanga Águas da Compaixão desfruta do uso de espaço gentilmente cedido pelo Espaço Dojinmon, onde funciona a Academia de Karate Wado-ryu Dojinmon (nota: o nome ‘Dojinmon’ significa Portal da Pessoa do Caminho).

Reproduzo aqui um artigo que foi publicado ano passado sobre o Karate Social da Academia Dojinmon:

Karate Social em Porto Alegre
A Escola Dojinmon de Karate Wado-Ryu tem uma tradição de ensino do Karate com ênfase no crescimento pessoal e a luta consigo mesmo desde 1963 quando chegou Mestre Takeo Suzuki – 8° Dan ao Estado, primeiro Mestre de Karate a vir para o rio Grande do Sul.

Em 1980 o Mestre Nelson Guimarães 6° Dan encabeçou este movimento que prima por manter as tradições do ensino do Karate-Do Wado-Ryu na sua essência original oriunda das mais remotas tradições da cultura oriental.

Na busca de sempre ir mais além em 1995 iniciou Mestre Nelson, por uma solicitação da Diretoria da Escola Jerônimo de Ornelas, um trabalho de amigo da escola levando esta cultura milenar para os jovens de nossa periferia em situação de risco social. Iniciou-se o curso nas dependências da escola, tínhamos que tirar as classes da sala de aula e lavar o chão para podermos realizar as aulas, os alunos se encarregavam desta incumbência com alegria e determinação. Mais adiante com o apoio obtido da academia da Brigada Militar levamos a prática do curso para a Sala de lutas da Academia militar, já que a mesma se localiza nas proximidades da escola e da residência dos alunos. Na Academia da Brigada tivemos um ambiente propício para o desenvolvimento do trabalho, depois de alguns percalços segue forte e consolidado, tem um grupo de 40 alunos praticando, para os quais através de patrocínios e colaboração dos praticantes do Espaço Dojinmon de Karate, conseguimos adquirir o uniforme de karate para todos os praticantes. A ênfase do curso é a disciplina, o respeito, a hierarquia, a higiene e principalmente o desempenho escolar.

Dentro desta filosofia estaremos realizando o Exame para promoção de Kyu (faixa) dos alunos participante do Projeto de inserção social através do Karate. Dentro do exame ocorrerá um campeonato de karate dentro de uma nova perspectiva, onde os atletas fazem apresentações técnicas e lutas para obter pontos, sagrando-se vencedor aquele que obtiver maior numero de pontos, assim evitamos a competitividade excessiva que descaracterizaria o trabalho de crescimento pessoal. O atleta não vence ao outro e sim a si mesmo, a luta é pelo seu rendimento, onde são valorizados comportamento, técnica, postura, controle e respeito pelos adversários.

Assim busca-se um novo tipo de competição, onde tenta-se descaracterizar a vitória de um sobre o outro, mas sim a luta por um desempenho dentro da filosofia das Artes Marciais.

O Proejeto tem como Responsável Técnico e Mentor: Mestre Nelson Guimarães 6° Dan,
fundador da Federação Gaúcha de Karate e seu primeiro presidente (1988/1997). Membro do Conselho Regional de Desportos (1991/2001); Membro do Conselho de Arbitragem da Confederação Brasileira de Karate (1992/1997); Professor, árbitro internacional e arquiteto.
Supervisor Prof. Carlo Almeida 2° Dan, Instrutor Rodimar Carvalho 1° Dan.
Publico alvo: Alunos carentes de 9 a 18 anos de escolas estaduais.

Professor Rodimar Carvalho e os alunos do Projeto Social.

Japão 1979 – Campeonato Mundial do Estilo Wado-Ryu. Primeira fila ao centro Mestre Hironori Otsuka, Criador do Estilo Wado-Ryu, na segunda fila atrás do Mestre Otsuka Prof. Nelson Guimarães. Curiosidade: o mestre Fundador Hironori Otsuka e o Prof. Nelson Guima

publicado originalmente no Gonzalez Jornal (Jornal da Zona Norte), setembro 2009 (página 9)

Slideshow Picasa: fotos da reportagem “Karate Social em Porto Alegre” publicado no Gonzalez Jornal – Jornal da Zona Norte (http://www.gonzalezjornal.com.br/?id=671)
link original das fotos: aqui

Vídeos do VodPod não estão mais disponíveis.

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Visita do Monge Tenbun


Recebemos, com muita alegria, a visita do Monge Tenbun nos dias 6 e 7 de fevereiro.  Do templo Yôtaku-ji, da cidade de Toyota no estado de Aichi, está finalizando um ano trabalhando no Templo Busshinji e se preparando para retornar ao Japão e assumir sua posição lá.

Tivemos uma programação intensa com uma aula de Aikidô (ministrada pelo membro-praticante, 1º dan faixa preta, Gil Gosch) na Academia Aptidão, aula de Fukudenkai (costura budista), palestra e bate-papo, zazen, cerimonial, passeio pela Linha Turismo Zona Sul, aula de Baika (música budista) e confraternização.

Início de atividades – Sanga Energia Harmoniosa


A partir de terça-feira, dia 13 de janeiro, teremos atividades de prática Zen Budista junto à nossa nova “sanga-irmã” – a Sanga Energia Harmoniosa – todas as terças e quintas-feiras das 14:00 às 16:00 hs, assim oferecendo um horário “alternativo”. As atividades serão realizadas no Centro de Cultura Oriental Tigre Coreano, Av. José do Patrocínio 1254, Cidade Baixa, Porto Alegre, tel: (51) 3392-3040 (ver mapa Google).

Todos os interessados são bem-vindos.

Prática na Associação RS Aikikai – Sanga Aikikai


A partir de terça-feira, dia 3 de junho, vamos ter prática de nossa ‘sanga-irmã’, a Sanga Aikikai, duas vezes por semana no Dojô Porto Alegre Aikikai da Associação RS Aikikai localizado na Av. Cristóvão Colombo, 378 – Floresta (ver como chegar).

Programação:
Terças – das 19h às 20h – Zazen (30′), Bate-papo e Chá (30′);
Quintas – das 20h às 21h30 – Zazen (30′), Palestra sobre Espiritualidade (30′), Perguntas e Respostas (30′)

Os ideogramas de “Budô”, que costumam ser erroneamente traduzidos como “Arte Marcial”, têm pouco a ver com Marte. Sua sintonia maior é com Athena, deusa guerreira grega da sabedoria, artes e justiça.

Na Wikipédia, em um artigo sobre Ares (o deus grego que deu origem ao deus romano Marte) lemos que “entre os gregos sempre houve desconfiança com Ares. Embora sua meia irmã Athena também fosse uma deidade da guerra, a posição dela era a favor de uma guerra estratégica, enquanto Ares tendia para a violência imprevisível da luta.”

Os dois ideogramas da palavra “Bu-dô” juntos significam “o caminho” (dô) de “deter a violência” (bu). O ideograma “bu” representa duas lanças cruzadas e uma pessoa sentada com a palma da mão levantada fazendo o sinal “pare”. Transmite a idéia de “parar com as lutas”. O ideograma “dô” significa “caminho espiritual”.

Algumas pessoas questionam a associação do Budô com o Zen Budismo, embora, de acordo com a tradição, tanto um quanto o outro já estavam vinculados ao Primeiro Ancestral Mestre Bodhidarma, no Templo Shaolin, na China antiga.

O Budismo nunca pregou a violência – sempre pregou as consequências cármicas de todos os nossos atos. A aproximação dos Samurais japoneses com o Zen se deu principalmente depois a unificação do Japão, com o início da era Tokugawa, ou Período de Edo (1603-1867) – uma longa era de paz. Os Samurais, antes guerreiros, passaram a ser policiais e burocratas e, agora com condições de cultivar a espiritualidade e o caráter, as técnicas marciais (Bu-jutsu) se transformaram em artes marciais (Bu-dô), caminhos espirituais. Mais ainda, um templo budista acolhe a todos, sem discriminação nenhuma, na esperança de transmitir os ensinamentos budistas, e também levar a Paz e a Tranquilidade a todos. Assim, os monges receberam os samurais japoneses na antiguidade, da mesma forma que hoje em dia recebem policiais e militares, junto com profissionais de quaisquer outras áreas – sem discriminação.

Os ensinamentos do Budô buscam o cultivo da ‘espada que dá vida’ – a força interior que permite ‘vencer’ um conflito sem a necessidade de luta ou violência. Em tal situação, não há ‘vencedor’, nem ‘derrotado’, e a harmonia é reestabelecida. No treinamento Zen Budista, na Cerimônia de Combate do Darma, é usada uma espada simbólica e, quando o Mestre pergunta: ‘Para quê vai usar essa espada?’, o aluno responde: ‘para dar vida!’

O Budismo reconhece a necessidade de firmeza e de força interior. Muitas da imagens da iconografia Budista mostram figuras carregando espadas – a espada que dá vida, que corta as delusões. O próprio Buda histórico era mestre das artes marciais de sua época, e a sua força interior é claramente demonstrada na história de seu enfrentamente do elefante enloquecido. No livro Velho Caminho, Nuvens Brancas, lemos:

“[…] estavam mendigando na capital, quando Venerável Ananda percebeu um elefante correndo na direção deles. Aparentemente havia escapado dos estábulos reais. Ananda reconheceu-o como sendo o elefante chamado Nalagiri, famoso por seu comportamento violento. O monge não podia entender como o tratador real o tinha deixado fugir. Tomadas de pânico, as pessoas corriam em busca de refúgio. O elefante levantou sua tromba, ergueu a cauda e as orelhas e se dirigiu diretamente para onde estava o Buda. Ananda agarrou-o pelo braço tentando levá-lo para um lugar seguro, mas ele não se deixou arrastar. Ficou calmamente ali, de pé, imperturbável. Alguns bhikkhus agacharam-se por trás do Gautama enquanto outros sumiram. As pessoas gritavam para o Buda salvar a sua vida. Ananda prendeu a respiração e ia colocar seu corpo à frente, entre Nalagiri e o Buda. Naquele exato momento, para a surpresa de Ananda, o Buda soltou um majestoso urro estridente. Era o som da Rainha Elefanta cuja amizade ele conquistara muito tempo antes, na Floretas de Rakita, em Parileiaka.

Nalagiri estava a poucos metros do Mestre quando ouviu aquele som retumbante e, subitamente, estancou sua carreira. O poderoso elefante ajoelhou-se com as suas quatro patas, abaixando a cabeça até o chão como se fizesse uma prostraçào para o Buda. Gentilmente, ele afagou a cabeça do animal, e, então, segurando a tromba com uma das mãos, levou a obediente Nalagiri de volta aos estábulos reais.” (p. 402)

Seguem palavras do fundador do Aikido, o Mestre Morihei Ueshiba:

“Eu senti como se o universo de repente tremesse e um espírito dourado saiu da terra, envolveu meu corpo e o transformou num corpo dourado.

Ao mesmo tempo minha alma e meu corpo se tornaram luz. Eu pude entender o murmúrio dos pássaros e estava claramente consciente do espírito de Deus, o Criador do universo.

Naquele momento eu recebi iluminação: a fonte das artes marciais é amor divino – o espírito da proteção do amor para todos os seres. Lágrimas de alegria ilimitadas fluiram pela minha face.

Depois disso eu senti como se o mundo inteiro fosse minha casa e o sol, a lua e as estrelas pertencessem a mim. Eu fiquei livre de todos os desejos, não apenas de prestígio, fama e posses, mas também do desejo de ser forte. Eu compreendi que arte marcial não é derrotar um oponente pela força…. O treino de artes marciais é para receber o amor de Deus, que é o que cria, protege e nutre tudo na natureza, e torná-lo próprio – pratique isto em sua própria alma e corpo.”

Mestre Ueshiba (“O-Sensei”) era praticante da seita xintoísta Oomoto e do Budismo Shingon, e desenvolveu uma profunda compreensão do Darma – os Leis Universais.

É impossível evitar os conflitos neste mundo. Não podemos simplesmente nos deitar no chão e nos fazer de capachos para as pessoas violentas. Tampouco podemos simplesmente permitir que as nossa crianças sejam abusadas ou as casas roubadas. Temos que saber nos defender. Temos que ter consciência e saber administrar a nossa própria força. Temos que saber proteger os mais fracos. Procuramos fazer isto da forma menos violento possível, sem raiva e com compaixão no coração. Para erguer a ‘espada que dá vida’, temos que purificar o coração de todos os venenos – nos libertar dos apegos, aversões e ignorâncias. Isto é a nossa prática.

A prática está aberta para todos os interessados, mesmo sem ser praticante do Aikidô. Sejam bem-vindos!

Gassho

Prof. Monteiro no Dojinmon


No dia 5 de março o Prof. Monteiro ofereceu uma palestra “Zen ligado às Artes Marciais modernas e a prática dos Samurais” na Academia de Wadô-Ryu Karate-Dô Dojinmon. As explicações sobre a verdadeira essência do Budô, tradicionalmente traduzido como Arte Marcial, foram de um valor inestimável.

Monja Isshin e Prof. Monteiro no Aikido


No dia 27 de fevereiro, a Monja Isshin e o Prof. Monteiro tiveram o prazer de participar da aula de Aikido ministrada pelo Cristian Sensei, da Associação RS Aikikai , ministrada no dojô Práxis Aikido Clube, localizado na Av. Assis Brasil, 2975 – Bairro Cristo Redentor.

Em seguida, o Prof. Monteiro ofereceu uma palestra com o tema: “Budismo e as Artes Marciais praticadas pelos Samurais no Japão”.

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