No Jisui Zendô, realizamos dois tipos de Sesshin (Retiro Zen Budista):
1. Retiros de Estudo e Convivência:
Desde 2007, temos aproveitado do feriado prolongado do carnaval brasileiro para converter o tradicional Hôon Sesshin (Retiro de Gratidão 法恩接心 em lembrança do Parinirvana do Buda) num Sangaku Sesshin (三學接心 Retiro dos Três Estudos), como uma oportunidade de trazer um professor visitante para orientar um período de estudo. Consequentemente, a prioridade número um destes retiros tem sido o estudo, que, junto com a moralidade e a meditação, é um dos três pilares da prática budista. Com o tempo, através da prática de samu e a leveza do ambiente, estes retiros se tornaram uma oportunidade de convivência em grupo (sem, porém, tomar ares de “clube”). Como resultado, a convivência em grupo (sanga)passou a ser a segunda prioridade destes retiros, com a meditação sentada (zazen) ficando como a terceira prioridade.
Depois de observar o individualismo prevalente no zen ocidental quando comparado com o espírito de grupo prevalente no zen japonês, chegamos à conclusão que seria importante manter este sistema de retiro de estudo e convivência, como um espaço para os praticantes ocidentais poderem abrir os seus corações para a vivência em grupo. Percebemos que, na prática leiga ocidental onde o praticante vem e vai, sempre voltando para sua casa entre as práticas, acaba havendo uma inversão na proporção do tempo que passa em zazen em relação ao tempo que passa em atividades de grupo quando comparamos à prática monástica diária japonesa.
Tomando um “dia de atividades” de aproximadamente 17 horas, nos dias “normais” num mosteiro japonês (quando não está em retiro), menos que 2 horas são passados em zazen 1 período de manhã e outro de noite), com o restante do dia dedicado às aulas, prática de cerimonial, refeições e samu – todas atividades em grupo – que devem ser realizadas com o mesmo espírito de Paz e Tranquilidade que é desenvolvido no zazen, como se fossem “zazen em ação”.
Apesar do rigor da vida monástica, o ambiente do mosteiro feminino era muito leve e alegre. Rimos muito. E trabalhamos muito – sempre em grupo.
No mosteiro onde treinei, durante um “angô” (período de três meses de treinamento intensivo), havia um retiro por mês. Se contarmos um mês como sendo 30 dias, entre 25 e 27 destes dias seguiam o padrão de atividade constante descrito acima e somente 3 a 5 dias por mês foram períodos de retiro.
Com um dia que começava às 4:00 hs e terminava às 21:00 hs, dois destes retiros eram “retiros de estudo”, com 3 horas de aula, umas 2,5 horas de recitação ou prática de cerimonial e 7 períodos de zazen (sem recitação) e somente um destes retiros era um “retiro de silêncio” (Mugon Sesshin), sem prática de cerimonial, aulas ou recitações e com 13 períodos de zazen.
Mas, na prática leiga ocidental, com o seu ir e vir, o praticante leigo faz proporcionalmente muito zazen, pouco estudo, muito pouca prática de cerimonial e quase zero de samu em grupo – o inverso da relação entre estas atividades no mosteiro. O zazen é uma atividade individual, mesmo quando praticado em grupo e contando com a força do grupo como apoio. Ainda é uma prática individual, do “eu confrontando-se com o próprio eu”. O estudo, apesar de talvez ser numa aula em grupo, não é um momento de grande interação entre os participantes do grupo. Desta forma, mais uma vez, é uma prática predominantemente individual – o indivíduo aprendendo com o professor… Por fim, como muitos dos praticantes leigos “fogem” da prática de samu, aqueles que descobrirem o valor do samu frequentemente acabam obrigados a fazer esta prática de uma forma solitária, com somente a supervisão do professor, devido à falta da presença de colegas.
Com isto, somos levados a concluir que o praticante ocidental frequentemente termina desenvolvendo uma prática extremamente individualista e acaba perdendo quase todos os benefícios da prática tradicional de grupo que fazem parte do método do zen.
2. Retiros de Meditação:
Um em três dos retiros no mosteiro feminino de Nagoya eram retiros de meditação e de relativo silêncio. Eram verdadeiras oportunidades para “voltar para casa” ao encontro com a essência do ser. Não podemos negar a importância de um retiro de meditação para o aprofundamento do zazen. Por isso, este tipo de retiro também é muito importante.
Conclusão:
No Jisui Zenji, será desenvolvido um programa de retiros alternando os Retiros de Estudo e Convivência com os Retiros de Meditação, para os praticantes poderem ter os benefícios destes dois tipos de retiro.
Neste momento, o Retiro de Meditação será realizadoo no Mini-Zazenkai todo último sábado do mês, com o tempo da programação sendo expandido de acordo com a procura para este tipo de prática.
Retiros de Estudo e Convivência serão programados, sempre que possível, para aproveitar os feriados prolongados e buscando manter um ritmo de, aproximadamente, um retiro cada dois ou três meses. Atualmente, temos programados os seguintes retiros regulares (sempre há a possibilidade de algum retiro “extra”):
1. Sangaku Sesshin (Retiro dos Três Treinamentos – feriado de Carnaval)
2. Jihi Sesshin (Retiro da Compaixão – feriado de Páscoa)
3. Mini-Rohatsu Sesshin (Mini-Retiro da Iluminação de Buda – primeiro fim de semana de dezembro)
4. Saimatsu Sesshin (Retiro de Fim de Ano)
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