As Raízes do Romantismo Budista (4)

As Raízes do Romantismo Budista
por
Thanissaro Bhikkhu

Parte 1
Parte 2
Parte 3

Parte 4 (de 8 )

Schiller e Schleiermacher tinham uma forte influência sobre Ralph Waldo Emerson, que pode facilmente ser visto em seus últimos escritos. Às vezes nos é dito que Emerson foi influenciado pelas religiões orientais, mas na verdade as suas leituras no Budismo e no Hinduísmo simplesmente forneceram capítulo e versículo para os aprendizados que ele já tinha recebido dos românticos europeus.

“Trazer o passado para os mil olhares do presente e viver sempre em um novo dia.Com consistência uma grande alma simplesmente não tem nada a fazer. A essência do gênio, da virtude e da vida é o que é chamado de Espontaneidade ou Instinto. Todo homem sabe que para as suas involutárias percepções uma fé perfeita é esperada.”

“A razão pela qual o mundo carece de unidade é porque o homem é desunido de si mesmo… Vivemos na sucessão, na divisão, nas partes, nas partículas. Enquanto isso, dentro do homem está a alma do todo, o sábio silêncio, a beleza universal, aos quais cada parte e partícula está igualmente relacionada, a Unidade eterna. E nesse poder profundo em que nós existimos, e cuja bem-aventurança é acessível a todos nós, não é apenas auto-suficiente e perfeita em todas as horas, mas o ato de ver e a coisa vista, o expectador e o espetáculo, o sujeito e o objeto, são Uno.”

Atualmente, os Românticos e Transcendentalistas raramente são lidos fora da literatura ou das aulas de teologia. Suas idéias têm vivido na cultura em geral, principalmente porque foram adotadas pela disciplina da psicologia e traduzidas em um vocabulário que é mais científico e, ao mesmo tempo, mais acessível para o público em geral. Um dos tradutores mais importantes foi William James, que deu ao estudo psicológico da religião a sua forma moderna um século atrás, em 1902, com a publicação de As Variedades da Experiência Religiosa. A simpatia de James se extendeu amplamente para além da cultura ocidental para incluir o Budismo e o Hinduísmo, e além das religiões “aceitáveis” do seu tempo para incluir o movimento da Cultura Mental, a versão do New Age do século 19. Seu interesse pela diversidade o faz parecer surpreendentemente pós-moderno.

Mesmo assim, James foi influenciado pelas correntes intelectuais vivas em sua época, que moldaram a forma como ele converteu a sua grande massa de dados em uma psicologia da religião. Embora tenha se pronunciado como cientista, a corrente que mais profundamente influenciou o seu pensamento foi o Romantismo.

Ele seguiu os românticos em dizer que a função da experiência religiosa era curar o sentimento do “eu dividido”, criando uma auto-identidade mais integrada e mais capaz de funcionar em sociedade. No entanto, para ser científica, a psicologia da religião não deve se posicionar à favor ou contra quaisquer reivindicações de verdades relativas ao conteúdo das experiências religiosas. Por exemplo, muitas experiências religiosas produzem uma forte convicção na unidade do cosmos como um todo. Embora os observadores científicos devam aceitar o sentimento de unidade como um fato, não devem tomá-lo como prova de que o cosmos seja Uno de fato. Em vez disso, eles devem julgar cada experiência pelos seus efeitos sobre a personalidade. James não se perturbou pelas mutuamente contraditórias proclamações de verdade que as experiências religiosas têm produzido ao longo dos séculos. Aos seus olhos, temperamentos diferentes precisam de verdades diferentes como a medicina para curar suas feridas psicológicas.

(continuar lendo: Parte 5)

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2 Respostas to “As Raízes do Romantismo Budista (4)”

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